O cuidado integrado e a agilidade de um atendimento especializado em AVC são determinantes para a redução de riscos de sequelas e morte dos pacientes.
As doenças do aparelho circulatório são a principal causa de morte no Brasil. Dentre elas está o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ou derrame que, quando não é fatal, deixa sequelas em cerca de 70% dos pacientes. Algumas são leves e passageiras. Outras, graves e incapacitantes. As mais frequentes são paralisias em partes do corpo e problemas de visão, memória e fala.
A gravidade depende do local do cérebro afetado e da extensão do dano provocado. Mas há um outro fator que pode fazer toda a diferença para o paciente: o tempo entre o começo dos sintomas e o atendimento inicial. As chances de o paciente sair ileso ou com sequelas leves serão maiores se houver agilidade na chegada ao hospital, no diagnóstico e no atendimento.
Isso vale para os dois tipos de AVC: o isquêmico, em que há interrupção do fluxo sanguíneo em uma região do cérebro pela obstrução de uma artéria por um coágulo; e o hemorrágico, caracterizado pelo sangramento no cérebro provocado pelo rompimento de um vaso sanguíneo.
O tempo ideal do atendimento ao paciente com AVC – desde sua entrada no hospital até a realização da tomografia ou ressonância magnética para diagnosticar a doença – deve ser de, no máximo, 45 minutos. No AVC isquêmico (85% dos casos), o correto é iniciar o tratamento em até 60 minutos, também contados da chegada à instituição. Para esses pacientes, pode ser administrado um trombolítico, medicamento que dissolve o coágulo, normalizando o fluxo sanguíneo no cérebro. Administrado em até 3 horas a partir do início dos sintomas, ele aumenta as chances de recuperação completa ou, pelo menos, minimiza as sequelas. O tratamento por meio de cateterismo também pode ser utilizado em alguns casos. Qualquer que seja o tipo de intervenção, a possibilidade de se obter resultados satisfatórios aumenta quanto menor for o tempo de interrupção do fluxo de sangue no cérebro.
No AVC hemorrágico, o tempo é igualmente importante. Nesse caso são utilizados medicamentos para o controle da pressão arterial quando necessário, além de um monitoramento rigoroso em uma unidade de terapia intensiva. Em alguns casos, é indicada a cirurgia para a remoção do hematoma.
O sucesso nessa corrida contra o relógio requer instituições que adotem esses protocolos de atendimento e disponham de equipamentos e profissionais preparados para receber pacientes com sinais de AVC. Como é impossível saber quando chegará alguém com sintomas da doença, é ideal que o hospital tenha um neurologista disponível 24 horas por dia, além de uma equipe treinada para atuar tanto nos procedimentos de diagnóstico quanto no tratamento.
Informar-se sobre hospitais públicos e privados que tenham esse tipo de atendimento é garantir a assistência adequada para o paciente com AVC. Mas, antes de tudo, é preciso saber quando procurá-los. Fraqueza em apenas um lado do corpo, perda da força da musculatura da face (boca torta), dificuldade para falar, andar e enxergar e dor de cabeça intensa são alguns dos sintomas de que é hora de iniciar a corrida contra o tempo.
Fonte: Revista Veja / Albert Einstein